sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei

Todos os indicados ao Oscar vão ser lançados nos cinemas brasileiros antes da premiação acontecer. Meio difícil de isso acontecer, mas lá vou eu tentar ver os indicados. Vi o com o maior número de indicações (12, no total) e entendi o porquê de tudo isso.


O Discurso do Rei (The King's Speech, 2010)
Direção: Tom Hooper
O filme conta uma história de superação, de um importante líder que enfrentava uma dificuldade e precisava superar isso para ficar melhor consigo mesmo e com seu povo. E a Academia adora uma história dessas.
Colin Firth é o futuro Rei George VI, pai da atual Rainha Elizabeth, filho do então Rei George V, e gago. Por conta desse problema que o impede de se manifestar em público, ele procura por tratamento e acha Lionel Logue, personagem de Geoffrey Rush, e os dois começam mais do que um tratamento, mas uma amizade.
O filme tem um roteiro seguro e planejado para que não haja erros, para que todos se identifiquem com o problema do personagem. E ajuda muito que seja uma história real. Quem não se emociona com uma. Está concorrendo a Melhor Roteiro Original, merecido. Uma história bonita, sem pontas soltas, sobre edificação e amizade.
Todos os personagens são muito bem construídos, tem personalidades marcantes, mesmo que seja um coadjuvante. Cada um servindo ao seu propósito dentro da trama do filme.
Os atores estão incríveis em seus papeis. Colin Firth atua espetacularmente, fazendo uma gagueira impressionante. Não é cômica, mas não deixa de dar aflição em quem está ouvindo. Você acredita que aquela pessoa tem problemas de fala, principalmente nas horas de nervosismo, em que ele engole e pigarreia e quase nada sai. Acho merecido ele levar o Oscar de Melhor Ator.
Os outros atores do filme, indicados nas categorias de Coadjuvante, estão igualmente bem. Geoffrey Rush está muito bom no papel de um homem que não vê o rei como alguém da nobreza, mas como uma pessoa normal, desde o momento em que começa a tratá-lo. Helena Bonham Carter está fazendo um papel comum, depois de todas as suas extravagâncias em filmes com seu marido Tim Burton e na série Harry Potter, e sim, ela prova que consegue fazer uma esposa preocupada e determinada que apoia seu marido em todas as decisões, querendo sempre o seu bem. Quanto a esses dois levarem o Oscar, não posso dizer nada. Completando o elenco tem Michael Gambon fazendo George V, em uma boa participação, Guy Pearce fazendo o irmão que deveria assumir o trono, mas que renuncia, e Timothy Spall fazendo Winston Churchill, e dizem que ele está caricato demais, mas não acho que apareça tanto para isso ser levado em conta.
Em relação a todos os outros Oscars que concorre, também são justos. O filme tem ótima fotografia, edição, direção de arte, figurino, trilha sonora. É um filme bastante bem feito, onde tudo ajuda na experiência maior que é ver esse filme.
Durante o filme Logue vai se tornando amigo de Bertie, o rei, e vai conseguindo curá-lo através de tratamentos diferenciados e, principalmente, por conhecer sua história de vida, ajudando-o emocionalmente. Você fica torcendo para que tudo dê certo no final, ou durante o próximo discurso que ele tenha que fazer.
O diretor Tom Hooper também está de parabéns por criar um filme tão cheio de emoção, de conflitos, de expectativas e, claro, superação. O filme é um pouco parado, mas de um jeito que ajuda totalmente a história, a entendermos todos os problemas que ele está nos passando, e não se torna chato. Inclusive, fiz uma analogia depois que assisti ao filme. Parece muito que o próprio filme gagueja. Ele para em uma parte e trava ali até passar cada informação, e você fica só se perguntando por que o filme não anda. De repente, algo acontece, ele solta uma informação e dá uma guinada e você se pergunta o que foi aquilo, o que aconteceu. Bem como Colin Firth empacando antes de uma palavra e depois conseguindo soltá-la.
O filme é um dos preferidos a levar o Oscar de Melhor Filme para casa. Não ficaria desapontado em ver isso acontecer. Realmente, o filme merece ser aclamado. Mas há muitos concorrentes fortes. Dos que eu vi, A Rede Social merece tanto quanto este filme. Depende se querem premiar um líder gago ou um gênio babaca.


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