sexta-feira, 18 de março de 2011

Rango

Esse filme é marcado por várias coisas que aconteceram pela primeira vez. Já estamos quase terminando março e este é o primeiro filme de 2011 que assisto. Foi a primeira vez que vi um filme em uma sala de cinema vazia, somente eu ali. E é o primeiro filme de animação da Industrial Light & Magic, que estreia nesse ramo com tudo.


Rango (Rango, 2011)
Direção: Gore Verbinski
Uma animação dirigida pelo diretor da trilogia Piratas do Caribe e com Johnny Depp fazendo a voz do personagem principal. Se eles já demonstravam se entender nos três filmes de Jack Sparrow, aqui a história não muda.
Um camaleão com problemas de personalidade, após um acidente, acaba parando na cidade faroéstica de Poeira, onde assume a identidade de Rango e se torna o novo xerife.
Lembra de outro estúdio que, ano passado, estreou no mundo das animações? Isso mesmo, a Illumination Entertainment com seu Meu Malvado Favorito. Se aquela foi uma boa estreia, a Industrial Light & Magic teve uma estreia espetacular. A empresa, que já vem há anos fazendo os melhores efeitos especiais do mercado, resolveu partir para o mundo das animações também. E não ficou devendo nada para ninguém.
Talvez a melhor estreia de um estúdio desde que a Pixar nos trouxe Toy Story. E já que estamos comparando, Rango tem a qualidade técnica comparável à própria Pixar, realmente muito boa. Até a animação de humanos, que aparecem muito pouco no filme, é muito bem feita.
A história já é interessante por ser a de um camaleão buscando uma identidade, algo que, considerando que um camaleão consegue se passar por outras coisas, é bem pensado. E assim como o personagem principal, todos os cidadãos de Poeira são igualmente bem construídos e englobam todos os tipos de personagens de um faroeste.
O filme é, ao mesmo tempo, uma paródia e uma homenagem aos clássicos filmes de Velho Oeste. E ele consegue repetir o sucesso de um filme que usou a mesma abordagem há 20 anos: De Volta Para o Futuro 3. E se estamos falando em comparações, uma coisa que o filme faz muito bem são as homenagens que não só aparecem em uma hora ou outra, mas conduzem o filme inteiro. Inclusive, quando Rango consegue encontrar o grande Espírito do Oeste, ele é claramente baseado e "nomeado" a partir de um dos maiores ícones dos westerns.
O filme consegue juntar vários gêneros em um só. Ele é bem reflexivo, tem muita ação, tem muitas risadas e é um bom drama ao mesmo tempo. Há elementos do filme essenciais a um faroeste, como um roubo ao banco da cidade, em que a moeda de troca é a coisa mais importante para a cidade, a água. Uma cena mostra a influência do prefeito nos cidadãos de Poeira, em que age como um pastor religioso e os cidadãos como seus fiéis, enquanto o prefeito faz, praticamente, uma cerimônia de distribuição de bênçãos, que aqui seria a água.
A trilha sonora do filme também é excelente. Feita pelo veterano Hans Zimmer, que aqui presta homenagem às clássicas músicas dos faroestes. Além disso, há várias músicas que são cantadas por quatro corujas mariachis, que são as contadoras da história de Rango. As composições instrumentais são tocadas por Rick Garcia, enquanto as músicas cantadas são tocadas por Los Lobos. Além disso, ainda, o filme usa, em um momento, duas grandes óperas em uma cena de ação maravilhosa, que faz referência a mais de um filme em uma mesma cena. Uma das óperas é a grandiosa "Cavalgada das Valquírias", que combina demais com a cena.
O próprio design dos personagens foge um pouco à regra das animações. Rango possui olhos bem pequenos, diferente dos grandes olhos comuns em desenhos, e boca bem grande, o que é justo, já que é um personagem que está sempre falando. Os animais são mais parecidos com os reais e não são exatamente bonitos, são simpáticos, o que confere maior realidade ao filme.
E, para terminar, a dublagem do filme em português é excelente. Uma das melhores que eu vi nos últimos tempos, não devendo nada ao grande elenco de estrelas que dubla o filme no original. Os sotaques estão muito convincentes e engraçados.
Rango é um filme excepcional. Além da Pixar e seu Carros 2, não vejo outra animação esse ano que possa rivalizar com esta. Desde agora já é uma grande indicação ao Oscar de Melhor Animação.


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