sexta-feira, 24 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe

Eu posso não ter registrado em nenhum lugar, mas eu já disse várias vezes que eu confiava em Matthew Vaughn. Depois que ele dirigiu o clássico moderno Kick-Ass - Quebrando Tudo, eu sabia que ele tinha a capacidade para dirigir qualquer filme de super-herói, seja ele adolescente ou não.


X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011)
Direção: Matthew Vaughn
Temos a volta de Bryan Singer aos X-Men, mesmo que na produção. Afinal, ele já fez muito por esse grupo de mutantes, e deixou a direção com um talentoso diretor que sabe tratar de questões complexas.
No filme, vemos como Charles Xavier e Erik Lehnsherr se conhecem, viram amigos, acabam se desentendendo, criam os X-Men e a Irmandade de Mutantes e viram o Professor X e Magneto.
Antes de qualquer coisa, acho um dos melhores filmes desse ano. Toda a história, todo o conceito, todo o desenvolvimento de personagens e o contexto histórico são perfeitos. Dá para ver que esse filme foi feito com muito cuidado e carinho e, mesmo mudando elementos cruciais das histórias em quadrinhos, cria um universo novo nos cinemas para os mutantes.
E outra coisa que me surpreendeu foi o fato de eu ter lido, após o filme, que esse filme não pretende ser uma prequel (ou uma pré-continuação) da trilogia X-Men, mas sim um reboot da série. É impressionante como esse filme se encaixa totalmente com a continuidade da trilogia já criada, tendo apenas furos bem pequenos, sendo um ou dois de mais importância. Se, quisesse, ele realmente poderia ser o começo da trilogia.
Duas coisas já saltam à vista logo de cara: os personagens de Charles e Erik. Suas histórias, seus desenvolvimentos e, inclusive, suas interpretações, são fascinantes. James McAvoy faz um jovem Charles com as mesmas características de sua versão mais velha - atencioso, compreensivo, inteligente - e, ao mesmo tempo, adicionando elementos condizentes com sua jovialidade, como ele ser mais ativo, charmoso e até galanteador.
Michael Fassbender faz Erik também com características de sua versão futura - decidido, ambicioso - e o faz um jovem impulsivo, perturbado pelo seu passado, que acredita na superioridade dos mutantes. Uma atuação devidamente marcante, em que aparecem nuances de um personagem marcado pela pressão do nazismo. Aliás, a primeira cena de X-Men: O Filme é recriada e estendida aqui para mostrar a origem dos poderes de Erik.
Esses dois personagens e atores merecem um parágrafo para cada por serem as engrenagens que movem esse filme e pelo brilhantismo dos dois. Você entende perfeitamente os motivos que movem cada um deles, e quando se conhecem a admiração e respeito entre os dois é mútua. Perfeitamente compreensível o motivo deles se unirem e, mesmo sabendo que a história criada para os quadrinhos é anterior aos livros de Harry Potter, a relação entre os dois me lembra um pouco a de Dumbledore com Grindelwald (para quem está esperando pelo último filme, você entenderá isso depois, e isso já não é mais spoiler em lugar nenhum). A amizade entre eles, no começo, também me lembra muito a relação que há entre Sherlock Holmes e seu amigo Dr. Watson. Charles e Erik representam dois lados de uma mesma moeda, o que, pensando bem, pode ser o motivo que faz com que o objeto que lembra Erik de sua missão ser uma moeda.
Partindo para outros assuntos do filme, ainda há muitas atuações a serem citadas. Kevin Bacon faz um ótimo vilão, Sebastian Shaw, talvez o melhor de todos os filmes dos mutantes. Uma atuação incrível de um personagem que não receberia tanto destaque nas mãos de outras pessoas. Nicholas Hoult e Jennifer Lawrence, que interpretam, respectivamente, Hank McCoy (Fera) e Raven (Mística) fazem ótimas atuações, e a relação entre os dois é muito bem pensada e explorada. O diálogo entre os dois quase no final do filme revela muito sobre quem são e nos faz pensar. E ainda há Rose Byrne fazendo Moira McTaggert, que nesse filme virou agente da CIA e interesse romântico de Charles, além de duas pontas bem interessantes de Rebecca Romijn e Hugh Jackman.
E o filme conta com vários outros atores fazendo outros mutantes para preencher o filme, os tornando a primeira classe do título. Na lista desse filme, além dos já citados acima, do lado do bem há Destrutor, Banshee, Angel (interpretada estranhamente pela filha de Lenny Kravitz, Zoë) e Darwin (com o menor destaque de todos); e do lado do mal temos Maré Selvagem, Emma Frost (January Jones atuando somente com o corpo) e Azazel, um demônio vermelho que se teletransporta. Como curiosidade, nos quadrinhos, Noturno é filho de Mística e Azazel, e quem sabe se isso não pode acontecer em uma continuação.
A ação do filme é muito boa, contando com momentos sensacionais que só podem existir em um filme sobre os X-Men. O filme tem ótimas cenas de luta e bons efeitos especiais. Às vezes os efeitos deixam a desejar em alguns poucos momentos, mas totalmente irrelevante considerando a história e a mensagem do filme, mais importantes no momento. E é muito interessante perceber como os uniformes voltam a ser mais coloridos, representando a própria época e uma homenagem às histórias escritas na década de 60.
E, para finalizar, a interação com o contexto histórico também foi excelente. Ambientado durante a Guerra Fria, o filme cria uma versão da História onde os mutantes foram os responsáveis diretos pela Crise dos Mísseis de Cuba e pela sua prevenção, adicionando uma boa parcela de realismo nos filmes.
Matthew Vaughn é um diretor excelente, e já provou que sabe colocar, em um filme de heróis, muito mais do que o vilão e o mocinho brigando. Ele sabe colocar profundidade e filosofia sobre diversos assuntos dentro de um mundo onde pessoas assumem um posto alto desses. E olha que Kick-Ass e seus amigos nem tinham poderes. Enquanto todos reclamavam que fariam mutantes adolescentes, eu simplesmente confiava em Vaughn e em Bryan Singer criando a história e sendo produtor.
Magneto sempre foi meu personagem favorito de todo o Universo Marvel. Sempre o achei fascinante e intrigante, sempre entendi seu modo de ver a evolução e seus motivos para fazer o que faz. Ele decididamente não é mau, é apenas o homem que vê as coisas de um modo diferente, e eu sempre o respeitei por isso. Sempre esperei por um filme sobre sua história, mas acabei ganhando mais do que isso. Ganhei um filme sobre sua história e a história de seu grande amigo/adversário, de como eles planejavam um mundo melhor, porém cada um a sua maneira. Xavier e Magneto são o grande Yin e Yang da Marvel, e isso foi representado de maneira espetacular nesse filme. Um dos melhores, se não o melhor, filme do ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário